Hoje, estava olhando os episódios passados de HOUSE, minha paixão há tempos! (O House e a série)
Ele estava sendo julgado, por um "erro médico" que levou o paciente a óbito. Lembrei da minha mãe, já falecida - esse ano farão dez anos de seu falecimento. Ela tinha 32 anos e, teve câncer, nas trompas - esse tipo de câncer, não acusa no exame do pré-câncer de cólo do útero -, tinha 3 filhos e uma sobrinha que ela criava. Todos menores de idade. Ela era nova, super alto astral e, nem com a notícia da doença, se deixou abater.
Em meus doze aninhos, na época, não entendia muito do que estava se passando, só sabia que câncer matava e que ela iria morrer. Triste? Nem tanto. O mais triste de tudo, era vê-la PENANDO durante 8 - longos! - meses, em uma cama de Hospital, onde houveram momentos em que ela nem nos conhecia, por conta dos sedativos que davam á ela, por causa das fortes dores. O que fizeram com ela? Não sei. Apenas sei que quando ela faleceu, estava no Bloco Cirúrgico do Hospital Santa Rita (Complexo Hospitalar da Santa Casa), indo para a sua sétima cirurgia. Isso mesmo, sétima cirurgia em oito meses de internação. Detalhe, precisou desta sétima, porque na sexta cirurgia, fizeram um corte "mínimo" em seu intestino e, por conta deste corte, as fezes começaram a sair para fora do intestino, causando uma infecção e a não cicatrização da cirurgia anterior.
O que não sai da minha cabeça e, lembro que minha mãe havia solicitado na época, é: PORQUE NÃO TIRARAM AS TROMPAS, O ÚTERO E O DIABO À QUATRO?!
Afinal, ela já tinha 3 filhos biológicos, uma adotiva e, não se importava de ter que "entrar na menopausa com 32 anos", porque o que ela queria, era viver! Os médicos, que sempre sabem "do melhor pra nós", não quiseram. Simples assim. E foi "simples assim", que criou-se uma metástase (quando o câncer "se espalha" pelo organismo).
E agora, de quem é a culpa? Não posso culpar ninguém?! Isso não é crime, gente?! Alô! Alguém me responde se erro médico ou "achismo", não são tão "crimes" quanto os outros... Não quero a prisão de ninguém, nem queria a cassação de um CRM, somente uma advertência. Poderia ser só isso. Ninguém trará ela de volta, ninguém matará minha saudade.
Um espaço destinado aos familiares de "presos", pessoas que acreditam na ressocialização dos indivíduos que encontram-se reclusos, estudantes de Direito, ativistas dos Direitos Humanos e sociedade em geral, que queira saber um pouco mais do "outro lado do cárcere".
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
"Vai Passar..."
Linda música, linda voz, lindo compositor. Letra e melodia me inspiram a continuar, afinal, Chico afirma que "Vai Passar"..
"...Num tempo, página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações..."
Foto extraída do Facebook do Juiz Gaúcho Sidinei Brzuska - "O Secretário Eichenberg confere as péssimas condições do Central" - Jornal Zero Hora 27/07/1995
"...Dormia, a nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações..."
Foto: Sidinei Brzuska
"...Seus filhos , erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais..."
Foto: Sidinei Brzuska
"...E um dia, afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval..."
Foto: Projeto Direito no Cárcere - Carmela Grüne
Tudo isso vai passar... a tristeza, a solidão, o frio, o calor, o pedaço de colchão, o "panelão", o barulho da grade... até ecoar no portão, um grito de liberdade!
Porém, sabemos que, infelizmente as marcas no psíquico, jamais apagarão e, o preconceito/rótulo "ex-presidiário", é pra vida toda; enquanto "ex-político" é ovacionado, mesmo - na maioria dos casos -, sendo "ex-ladrão"!
"...Num tempo, página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações..."
Foto extraída do Facebook do Juiz Gaúcho Sidinei Brzuska - "O Secretário Eichenberg confere as péssimas condições do Central" - Jornal Zero Hora 27/07/1995
"...Dormia, a nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações..."
Foto: Sidinei Brzuska
"...Seus filhos , erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais..."
Foto: Sidinei Brzuska
"...E um dia, afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval..."
Foto: Projeto Direito no Cárcere - Carmela Grüne
Tudo isso vai passar... a tristeza, a solidão, o frio, o calor, o pedaço de colchão, o "panelão", o barulho da grade... até ecoar no portão, um grito de liberdade!
Porém, sabemos que, infelizmente as marcas no psíquico, jamais apagarão e, o preconceito/rótulo "ex-presidiário", é pra vida toda; enquanto "ex-político" é ovacionado, mesmo - na maioria dos casos -, sendo "ex-ladrão"!
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Celas e Canil
Quando ingressei na Faculdade de Direito me deparei com um pensamento predominante dos alunos no início da graduação sobre o sistema prisional. Como sendo um reduto onde apenas existia Bandido, cujo os quais não deviam mais estar no convívio da sociedade, desta maneira observei que havia árduos defensores das penas máximas, dos castigos severos, da segregação do convívio social e criticavam os Direitos Humanos, afinal Direitos Humanos deviam ser apenas para Humanos Direitos.
Minha primeira experiência em um presídio foi em um sábado de manhã, quando eu era estudante do segundo ano do Ensino Médio, fui convidado por meu professor de Educação Física, a participar do campeonato de futebol que seria promovido, em forma de uma de integração com os detentos e o pessoal de fora da penitenciária de Frederico Westephalen, uma cidade que fica quase na divisa do Estado do Rio Grande do Sul com Santa Catarina.
Minha maior preocupação na época, era saber se o time titular do presídio era bom de bola, afinal eu era o goleiro do time visitante. Lembro que na entrada senti um pouco de medo, talvez pudesse acontecer uma rebelião, como aquelas que eram transmitidas pelas emissoras de televisão. Mas, logo o Diretor nos recepcionou e falou que não precisavam ter medo, pois já havia tido uma conversa com seus “meninos” e tudo iria ocorrer bem; fomos passando por um portão grande na entrada e outro logo em seguida, seguíamos por um corredor que levavam direto para quadra de esporte, com um projeto de duas goleiras remendadas e um piso que se caísse no chão tomava uma ralada que perdia uma boa parte do corpo.
A impressão que fui tendo, ao ver alguns em um canto costurando bolas, outros conversando, uns lavando os banheiros e o jogo ocorrendo, partidas após partidas, era que o tempo lá dentro é diferente. Fomos vencendo e avançando no campeonato, a cada jogo mais detentos se aglomeravam para assistir as partidas de futebol, era um time dos sem camisa e todos com a nossa exceção de pés descalços. Chegamos à final e vencemos o time da casa por três gols a um, sofri um de pênalti e o presídio quase veio abaixo.
Quando fomos embora muitos dos presos que ali estavam, nos cumprimentaram e se despediram apertando nossas mãos, independentes do crime que haviam praticados todos pareciam iguais, alguns ainda pediram desculpa por uma que outra falta mais enérgica feita no jogo, o diretor fez a ressalva que os mais perigosos estavam em outra ala. Alguns dos presidiários ainda puxaram assunto e conversavam sobre qualquer coisa, pude perceber que a realidade, naquele curto espaço de tempo que estive em presídio, é totalmente diferente da nossa realidade.
Porém, hoje sendo graduando da Faculdade de Direito, percebo que o nosso sistema prisional está quase que totalmente perdido, aquela partida de futebol que aconteceu há quase dez anos atrás, talvez hoje não pudesse ser realizada, fomos bem recebidos, lembro do cheiro marcante que tem um presídio, talvez nunca mais esqueça, mas com a atual política e a prática de apenas prender os sujeitos, há tempos mostra que não resolve o problema do crime na sociedade.
Assim como alguns de meus colegas no início da faculdade, que achavam que bastava apenas prender, trancar, enclausurar um criminoso que o problema estava resolvido. Doce engano, pois saibam que se os mesmos não tiverem por parte do Estado acompanhamento psicológico, assistência, formação tanto educacional como profissional, quando os mesmos ganharem a liberdade, não serão devolvidos a sociedade melhor do que estavam e sim piores.
Vários programas que tenho conhecimentos trazem bons resultados na recuperação e reintegração desse apenado à sociedade, é necessário quebrar o estigma que condenado tem que ter uma pena perpétua, pois o mesmo ao cumprir sua pena legal, continuará a cumprir uma pena moral e ser acusado pelo resto de sua vida do crime que cometeu, pela maioria da sociedade.
Celas e canil, é o inicio desse texto, percebo que entre um Cachorro e o Ser Humano, o primeiro tem a compaixão, já o segundo, apenas o ódio. Se está preso é marginal, gente de bem não vai preso. Pois saibam que existem vários casos de presos - e já se provou -, de estarem injustamente recolhidos a uma prisão, pois não cometeram crime algum, sofreram pelo erro de outros, receberam a ira vingativa da sociedade. Não sou contra animais, desde que os mesmos estejam soltos conforme sua natureza ou bem cuidados. Mas não podemos inverter valores.
Texto produzido pelo amigo Paulo R. M. Gutecoski
Nota: Paulo, agradeço a contribuição. Lindo texto, não há muito o que dizer, afinal, é a NOSSA idéia, NOSSO Blog! Tomei a liberdade de destacar alguns pontos que acho muito importantes, tocantes... Parabéns, abraços e mais uma vez, Obrigada!
Minha primeira experiência em um presídio foi em um sábado de manhã, quando eu era estudante do segundo ano do Ensino Médio, fui convidado por meu professor de Educação Física, a participar do campeonato de futebol que seria promovido, em forma de uma de integração com os detentos e o pessoal de fora da penitenciária de Frederico Westephalen, uma cidade que fica quase na divisa do Estado do Rio Grande do Sul com Santa Catarina.
Minha maior preocupação na época, era saber se o time titular do presídio era bom de bola, afinal eu era o goleiro do time visitante. Lembro que na entrada senti um pouco de medo, talvez pudesse acontecer uma rebelião, como aquelas que eram transmitidas pelas emissoras de televisão. Mas, logo o Diretor nos recepcionou e falou que não precisavam ter medo, pois já havia tido uma conversa com seus “meninos” e tudo iria ocorrer bem; fomos passando por um portão grande na entrada e outro logo em seguida, seguíamos por um corredor que levavam direto para quadra de esporte, com um projeto de duas goleiras remendadas e um piso que se caísse no chão tomava uma ralada que perdia uma boa parte do corpo.
A impressão que fui tendo, ao ver alguns em um canto costurando bolas, outros conversando, uns lavando os banheiros e o jogo ocorrendo, partidas após partidas, era que o tempo lá dentro é diferente. Fomos vencendo e avançando no campeonato, a cada jogo mais detentos se aglomeravam para assistir as partidas de futebol, era um time dos sem camisa e todos com a nossa exceção de pés descalços. Chegamos à final e vencemos o time da casa por três gols a um, sofri um de pênalti e o presídio quase veio abaixo.
Quando fomos embora muitos dos presos que ali estavam, nos cumprimentaram e se despediram apertando nossas mãos, independentes do crime que haviam praticados todos pareciam iguais, alguns ainda pediram desculpa por uma que outra falta mais enérgica feita no jogo, o diretor fez a ressalva que os mais perigosos estavam em outra ala. Alguns dos presidiários ainda puxaram assunto e conversavam sobre qualquer coisa, pude perceber que a realidade, naquele curto espaço de tempo que estive em presídio, é totalmente diferente da nossa realidade.
Porém, hoje sendo graduando da Faculdade de Direito, percebo que o nosso sistema prisional está quase que totalmente perdido, aquela partida de futebol que aconteceu há quase dez anos atrás, talvez hoje não pudesse ser realizada, fomos bem recebidos, lembro do cheiro marcante que tem um presídio, talvez nunca mais esqueça, mas com a atual política e a prática de apenas prender os sujeitos, há tempos mostra que não resolve o problema do crime na sociedade.
Assim como alguns de meus colegas no início da faculdade, que achavam que bastava apenas prender, trancar, enclausurar um criminoso que o problema estava resolvido. Doce engano, pois saibam que se os mesmos não tiverem por parte do Estado acompanhamento psicológico, assistência, formação tanto educacional como profissional, quando os mesmos ganharem a liberdade, não serão devolvidos a sociedade melhor do que estavam e sim piores.
Vários programas que tenho conhecimentos trazem bons resultados na recuperação e reintegração desse apenado à sociedade, é necessário quebrar o estigma que condenado tem que ter uma pena perpétua, pois o mesmo ao cumprir sua pena legal, continuará a cumprir uma pena moral e ser acusado pelo resto de sua vida do crime que cometeu, pela maioria da sociedade.
Celas e canil, é o inicio desse texto, percebo que entre um Cachorro e o Ser Humano, o primeiro tem a compaixão, já o segundo, apenas o ódio. Se está preso é marginal, gente de bem não vai preso. Pois saibam que existem vários casos de presos - e já se provou -, de estarem injustamente recolhidos a uma prisão, pois não cometeram crime algum, sofreram pelo erro de outros, receberam a ira vingativa da sociedade. Não sou contra animais, desde que os mesmos estejam soltos conforme sua natureza ou bem cuidados. Mas não podemos inverter valores.
Texto produzido pelo amigo Paulo R. M. Gutecoski
Nota: Paulo, agradeço a contribuição. Lindo texto, não há muito o que dizer, afinal, é a NOSSA idéia, NOSSO Blog! Tomei a liberdade de destacar alguns pontos que acho muito importantes, tocantes... Parabéns, abraços e mais uma vez, Obrigada!
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Eles nos ofendem!
Nos ofendem quando nos tratam como se o delito fosse nosso.
Nos ofendem quando figem não ver os resultados dos exames toxicológicos.
Nos ofendem quando negam pedidos de perícia de voz, em escutas telefônicas.
Nos ofendem quando fingem que não ouvem, o que está gritando nos noticíarios.
Nos ofendem quando ficam um ano com um processo, "apenas" para dizer não e, tirar nossas esperanças.
Nos ofendem quando alimentam as traças com pedacinhos de papéis, que tratam dos rumos de nossas vidas.
Nos ofendem quando pensam que são deuses superiores, que podem traçar nossos destinos, com uma assinatura.
Nos ofendem quando nos fazem passar pela tristeza de ver nossos entes - queridos, sim! -, enjaulados, como bestas selvagens.
Nos ofendem quando pedem isenção de um simples pedágio, enquanto o pobre de fato, deve pagar para andar numa via, que deveria ser pública.
Nos ofendem quando sentenciam um "suposto" traficante, que tinha em casa 17gr. de crack, igualando-o com um que "passeava" em seu New Civic, com 7 kgs de cocaína.
Nos ofendem muito, como se fosse crime hediondo, amar demais!
terça-feira, 21 de agosto de 2012
O "famoso"...
Hoje, quero prestar alguns esclarecimentos a respeito do tão falado, criticado, comentado Auxílio Reclusão.
Alguns sabem, outros não, mas: "O auxílio-reclusão é um benefício devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, durante o período em que estiver preso sob regime fechado ou semi-aberto. Não cabe concessão de auxílio-reclusão aos dependentes do segurado que estiver em livramento condicional ou cumprindo pena em regime aberto." (Fonte: www.previdencia.gov.br) Porém, ficam dúvidas no ar, quando lemos este trecho, pouco esclarecedor.
Está percorrendo pelas redes sociais um texto, insinuando que, se estudarmos e seguirmos nossas vidas "corretamente" - aliás, o que é correto, mesmo?! -,estaríamos perdendo nosso tempo e, seria melhor irmos presos, para desfrutar do auxílio reclusão. Segundo esse mesmo texto, o benefício seria pago, por filho do apenado/a e, um valor de mil e poucos reais. Esses comentários infelizes, tomaram enormes proporções e, cada vez mais críticas, cada vez mais "Brasil, um país de todos - vagabundos!", e coisinhas afins.
Portanto, decidi postar uns esclarecimentos a respeito do auxílio reclusão, aí vai:
1. O benefício de reclusão não é pago por dependente, é um único valor para toda a família - se o apenado tiver mais de um filho e com diferentes mulheres, o benefício dele é divido pelo número de filhos;
2. Não são todos os que recebem, só os presos que pagam INSS, ou seja, aqueles que tinham carteira assinada ou pagavam como autônomos - eles eram contribuintes, eram cidadãos comuns, trabalhadores perante a Previdência Social;
3. O valor não é igual para todos, depende do salário de contribuição. Esse é o teto. Quem recebe salário mínimo tem o benefício de salário mínimo, etc. Se o último salário da pessoa reclusa, for maior que $915,05, não haverá concessão do benefício;
4. O dinheiro é pago à família, não ao indivíduo recluso. Os filhos não tem culpa dos erros dos pais e precisam comer durante a prisão do pai ou da mãe;
5. Se o cara assalariado espanca a mulher, com o auxílio reclusão ela não precisa ter medo de ficar sem sustento por denunciá-lo. O cara vai preso e ela recebe o auxílio para os filhos, tomando fôlego para começar uma vida nova;
6. Pobre sempre vai pra cadeia, antes mesmo do primeiro julgamento... dificilmente recorre em liberdade ou pode pagar fiança. Vai que o cara é inocente, no fim das contas?!
7. Após a concessão do benefício, os dependentes devem apresentar à Previdência Social, de três em três meses, atestado de que o trabalhador continua preso, emitido por autoridade competente, sob pena de suspensão do benefício.
8. Pesquisem antes de acreditar em tudo que se lê/vê por aí, ok?! Informação é de graça, você está na internet, pesquise!
Só para esclarecer, eu não recebo auxílio reclusão, até pouco tempo nem necessitava; mas, devido a problemas trabalhistas, solicitei junto ao INSS e, o benefício me foi negado, pelo fato de que, meu esposo recebi um salário muito superior ao teto do benefício que é de $915,05.
Alguns sabem, outros não, mas: "O auxílio-reclusão é um benefício devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, durante o período em que estiver preso sob regime fechado ou semi-aberto. Não cabe concessão de auxílio-reclusão aos dependentes do segurado que estiver em livramento condicional ou cumprindo pena em regime aberto." (Fonte: www.previdencia.gov.br) Porém, ficam dúvidas no ar, quando lemos este trecho, pouco esclarecedor.
Está percorrendo pelas redes sociais um texto, insinuando que, se estudarmos e seguirmos nossas vidas "corretamente" - aliás, o que é correto, mesmo?! -,estaríamos perdendo nosso tempo e, seria melhor irmos presos, para desfrutar do auxílio reclusão. Segundo esse mesmo texto, o benefício seria pago, por filho do apenado/a e, um valor de mil e poucos reais. Esses comentários infelizes, tomaram enormes proporções e, cada vez mais críticas, cada vez mais "Brasil, um país de todos - vagabundos!", e coisinhas afins.
Portanto, decidi postar uns esclarecimentos a respeito do auxílio reclusão, aí vai:
1. O benefício de reclusão não é pago por dependente, é um único valor para toda a família - se o apenado tiver mais de um filho e com diferentes mulheres, o benefício dele é divido pelo número de filhos;
2. Não são todos os que recebem, só os presos que pagam INSS, ou seja, aqueles que tinham carteira assinada ou pagavam como autônomos - eles eram contribuintes, eram cidadãos comuns, trabalhadores perante a Previdência Social;
3. O valor não é igual para todos, depende do salário de contribuição. Esse é o teto. Quem recebe salário mínimo tem o benefício de salário mínimo, etc. Se o último salário da pessoa reclusa, for maior que $915,05, não haverá concessão do benefício;
4. O dinheiro é pago à família, não ao indivíduo recluso. Os filhos não tem culpa dos erros dos pais e precisam comer durante a prisão do pai ou da mãe;
5. Se o cara assalariado espanca a mulher, com o auxílio reclusão ela não precisa ter medo de ficar sem sustento por denunciá-lo. O cara vai preso e ela recebe o auxílio para os filhos, tomando fôlego para começar uma vida nova;
6. Pobre sempre vai pra cadeia, antes mesmo do primeiro julgamento... dificilmente recorre em liberdade ou pode pagar fiança. Vai que o cara é inocente, no fim das contas?!
7. Após a concessão do benefício, os dependentes devem apresentar à Previdência Social, de três em três meses, atestado de que o trabalhador continua preso, emitido por autoridade competente, sob pena de suspensão do benefício.
8. Pesquisem antes de acreditar em tudo que se lê/vê por aí, ok?! Informação é de graça, você está na internet, pesquise!
Só para esclarecer, eu não recebo auxílio reclusão, até pouco tempo nem necessitava; mas, devido a problemas trabalhistas, solicitei junto ao INSS e, o benefício me foi negado, pelo fato de que, meu esposo recebi um salário muito superior ao teto do benefício que é de $915,05.
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Esclarecimentos...
Pessoal, desde que fiz o Blog e o perfil no Facebook, pessoas de todos os tipos, cores, gêneros, credos, enfim... me adicionaram e, eu os adicionei. Eis que, aparece uma moça que, primeiramente, pensava - e acho que ainda pensa! -, que eu era uma rapaz (amor perdido da vida dela...). Até aí, tudo bem, me expliquei, mandei o vídeo em que eu apareço dando um depoimento e, sinto que ainda assim não convenci... Ao longo da "amizade", íamos discordando alí, concordando aqui; até que num belo dia, questionei tanta implicância com a MINHA opinião e, ela me excluiu... Até porque, quando escrevo, são as minhas opiniões - na maioria da vezes, consigo atingir o pensamento daqueles que lutam pela mesma causa e, se não consigo, paciência.
Hoje, dando uma passeada pelo meu Blog, utilizando os comentários dos leitores como inspiração e força, li um comentário desta mesma moça. Compartilho com vocês:
Agora, vou esclarecer melhor as coisas, pra própria Alessandra Moreira e, para quem desejar saber.
Eu era estudante de Serviço Social e tranquei, por conta da minha gestação. Hoje, meu bebê tem quase seis meses. Mas, não desejo retornar. Prefiro o Direito ou a área da comunicação; acho que são profissões mais "autônomas" do que o Serv. Social e, reforço: é a MINHA opinião. Se queres saber, sim!, já li o Código de Ética da TUA profissão. Não sou formada ainda, não decidi se essa será a minha profissão e, é meu direito questionar os trabalhos desenvolvidos, as áreas e formas de atuação dos profissionais, etc.
Penso que não sou distante da causa que tu diz ser nossa, as melhorias no sistema prisional. Alguém tem alguma dúvida a respeito da minha forma de protestar? Meu protesto é branco, é limpo, é escrito, é tocante, é minha forma de EXPRESSAR. Cada um tem a sua maneira de externar as emoções e as indignações, não compreendo tamanha desconfiança.
E, por último e MAIS IMPORTANTE: Não me escondo através da Maria Esperança, se tiveres um tempinho, dê uma lida no primeiro post do Blog. Eu explico o porquê do pseudônimo e, acho muito lindo ter um pseudônimo; uma forma de homenagear alguém, até eu mesma, meu eu-lírico fala por aqui. Se eu estivesse me "escondendo", como te referes a mim no teu comentário, jamais saberia que sou a Caroline Duarte, não é mesmo?! A Maria Esperança, é tudo o que vive dentro de mim, em relação ao cárcere e assuntos referentes a ele. A Maria Esperança, éo esconderijo dos meus pensamentos, não de meu rosto; pois, inúmeras vezes, compartilhei com os contatos/amigos, meu perfil pessoal, fotos da minha família, e o vídeo em que apareço dando um depoimento à Carmela Grüne. Por falar nisso, MUITAS pessoas que encontram-se em meu Facebook Maria Esperança, me conhecem pessoalmente.
Sou e sempre serei a Caroline Duarte, mas tenho o DIREITO de ser quem eu quiser, quando trata-se da minha arte de escrever. Aceito todas as críticas e opiniões; mas, como viestes a público, escrever o que já me havia escrito semanas atrás, decidi esclarecer publicamente também. Caso alguém tenha as mesmas dúvidas que tu, estão aqui, escancaradas as respostas.
Independente de qualquer coisa, fico grata pelas contribuições do amigos, pelo pessoal que acompanha o Blog e, pelas críticas, na maioria das vezes, construtivas.
Paz - Luta - Abraços!
Obs.: Quanto a falarem de mim, ou não, pela condição de esposa de uma apenado, serei bem franca: FALAM SEMPRE! E, não é por isso que "me escondo". É por respeito a meus familiares, a meus amigos, a meu filho. Porque já sofri muito preconceito em relação a isso , sempre que me coloco como defensora de direitos humanos, de direitos dos presos... Cada uma faz da sua vida, o que bem entender. A minha, está cheia de "Marias" pra ajudar e, cheia, muito cheia, de ESPERANÇAS!
Hoje, dando uma passeada pelo meu Blog, utilizando os comentários dos leitores como inspiração e força, li um comentário desta mesma moça. Compartilho com vocês:
Agora, vou esclarecer melhor as coisas, pra própria Alessandra Moreira e, para quem desejar saber.
Eu era estudante de Serviço Social e tranquei, por conta da minha gestação. Hoje, meu bebê tem quase seis meses. Mas, não desejo retornar. Prefiro o Direito ou a área da comunicação; acho que são profissões mais "autônomas" do que o Serv. Social e, reforço: é a MINHA opinião. Se queres saber, sim!, já li o Código de Ética da TUA profissão. Não sou formada ainda, não decidi se essa será a minha profissão e, é meu direito questionar os trabalhos desenvolvidos, as áreas e formas de atuação dos profissionais, etc.
Penso que não sou distante da causa que tu diz ser nossa, as melhorias no sistema prisional. Alguém tem alguma dúvida a respeito da minha forma de protestar? Meu protesto é branco, é limpo, é escrito, é tocante, é minha forma de EXPRESSAR. Cada um tem a sua maneira de externar as emoções e as indignações, não compreendo tamanha desconfiança.
E, por último e MAIS IMPORTANTE: Não me escondo através da Maria Esperança, se tiveres um tempinho, dê uma lida no primeiro post do Blog. Eu explico o porquê do pseudônimo e, acho muito lindo ter um pseudônimo; uma forma de homenagear alguém, até eu mesma, meu eu-lírico fala por aqui. Se eu estivesse me "escondendo", como te referes a mim no teu comentário, jamais saberia que sou a Caroline Duarte, não é mesmo?! A Maria Esperança, é tudo o que vive dentro de mim, em relação ao cárcere e assuntos referentes a ele. A Maria Esperança, éo esconderijo dos meus pensamentos, não de meu rosto; pois, inúmeras vezes, compartilhei com os contatos/amigos, meu perfil pessoal, fotos da minha família, e o vídeo em que apareço dando um depoimento à Carmela Grüne. Por falar nisso, MUITAS pessoas que encontram-se em meu Facebook Maria Esperança, me conhecem pessoalmente.
Sou e sempre serei a Caroline Duarte, mas tenho o DIREITO de ser quem eu quiser, quando trata-se da minha arte de escrever. Aceito todas as críticas e opiniões; mas, como viestes a público, escrever o que já me havia escrito semanas atrás, decidi esclarecer publicamente também. Caso alguém tenha as mesmas dúvidas que tu, estão aqui, escancaradas as respostas.
Independente de qualquer coisa, fico grata pelas contribuições do amigos, pelo pessoal que acompanha o Blog e, pelas críticas, na maioria das vezes, construtivas.
Paz - Luta - Abraços!
Obs.: Quanto a falarem de mim, ou não, pela condição de esposa de uma apenado, serei bem franca: FALAM SEMPRE! E, não é por isso que "me escondo". É por respeito a meus familiares, a meus amigos, a meu filho. Porque já sofri muito preconceito em relação a isso , sempre que me coloco como defensora de direitos humanos, de direitos dos presos... Cada uma faz da sua vida, o que bem entender. A minha, está cheia de "Marias" pra ajudar e, cheia, muito cheia, de ESPERANÇAS!
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Um pouco do que se passa... parte 2
Continuação do post de ontem, em que relato partes da minha vida. Uma outra visão, até que ponto chega o desespero - do usuário de drogas e de seus familiares.
...
E, abandonei. Cheguei em casa, depois de um dia exaustivo - eu era gerente de uma loja -, e, liguei para meu irmão mais velho. Arrumei minhas coisas e fui embora. Fui embora chorando e explicando pra ele, que aquele era mais um dia que eu passava angustiada, sem saber se ele estava bem, se eu chegaria em casa e o encontraria, se ele não estaria com outras companhias, se ele não estaria dormindo dentro do nosso carro, jogado em qualquer rua, se ele não teria morrido de overdose. Chorei e ele chorava também, dizia que eu o estava abandonando; Jogou baixo, jogou sujo, relembrou a morte do nosso filho, e disse que queria ter um bebê comigo, o tão sonhado. Desta vez, queria uma menina e, que o nome dela seria o nome da minha mãe - já falecida, em homenagem à ela.
Eu nem se quer olhei para trás. Eu o amava tanto, que não conseguia mais suportar aquela situação. Ele estava morrendo aos poucos, em alguns meses, havia emagrecido cerca de 15kgs. Perdeu o viço, perdeu a alegria, a vontade de viver. Quando olhava para ele, me sentia num filme de 'apocalipse zumbi'; vivendo ao lado de um ser, que não comia, não bebia, não dormia. Vida vazia, viver por viver, porque se está vivo. Parecia que a vontade dele era "ser jogado numa vala" qualquer e, ser esquecido, ou ser alvejado de tiros. Aquele homem, quarentão, de olhos azuis, charmoso e galanteador que eu conhecera, não existia mais. Era apenas lembrança.
E, tentei mesmo, com todas as forças, livrar-me da lembrança dele. Alguém aqui já amou? Alguém aqui sabe o que é amor, no mais puro sentido da palavra? Ao contrário do que muitos pensam, não procurava nele um pai; até porque, não fazemos sexo com nosso pai, não é mesmo?! Longe dele, queria saber o que se passava e, mesmo com todas as mágoas, não esqueci uma data sequer. Dia dos namorados, aniversário, nada ficou para trás, sempre enviei uma lembrança, uma mensagem, um beijo. Todas as semanas levava flores no túmulo do nosso filhinho, que havíamos perdido em abril do mesmo ano, e pedia que ele ajudasse a recuperar o pai. Acho que pedi coisa demais pra uma criança, né?!
Nada adiantou, nem Jesus, nem Oxalá, nem Krishna, nem Jeová, atenderam minhas preces, meus pedidos. Dia 23/12/2010, estava trabalhando na loja, correria normal de final de ano, muito trabalho. Meu celular tocou e, quando vi o número, tive um mau pressentimento. Era o filho mais velho dele, ligando pra dizer que "o pai caiu e, parece que não tem jeito". Naquele momento, lembrei do que eu tinha dito para o meu esposo quando começamos a namorar: "Não importa o que aconteça, serei tua amiga acima de tudo.", e, prontamente pedi permissão para sair do trabalho.
Peguei um ônibus e fui para Gravataí, onde ele foi preso, 1ª DP - Bairro Parque dos Anjos. No caminho, liguei para uma advogada conhecida, ao menos para ela me dar um norte, assinar o flagrante e coisas do gênero. Ela é conhecida por ser "advogada de porta de cadeia", se é que me entendem. Pau pra toda obra, a qualquer hora, mora perto da DP. Chegando lá, descobri que ele estava preso desde as 13hrs e ninguém tinha ido lá, nem chamaram um advogado, nem nada. A advogada, conseguiu que eu falasse com ele, pra resolver as coisas, saber o que aconteceu, etc.
Quando eu vi o estado e o local em que ele estava, quase desmaiei. Ele estava sujo, suado, sem cadarço nos tênis e com as calças caindo (tirar o cinto e os cadarços, são procedimentos padrões), estava com fome e sede; ele "se bateu" dentro da viatura e estava com cortes na boca e na sobrancelha (reclamei para uma pessoa da DP, dos machucados dele e, a resposta que obtive foi "que se a senhora reclamar, piora pra ele no camburão da Susepe". A-b-s-u-r-d-o!). O local é imundo, tem uns pedaços de jornal e papelão, vários homens dividindo aquele micro-espaço e, num cantinho, avistei um buraco no chão, creio que seja a privada. Olhei nos olhos dele e perguntei porque ele não tinha me ligado e, ele respondeu cabisbaixo: " Porque era pra mim te cuidar e não o inverso. Fico com vergonha de ti.". Segurei as lágrimas (se alguém percebeu, não gosto de chorar na frente dele) e, dei um beijo nele. Prometi que iria tirá-lo de lá. E, antes de ir embora, ouvi um lindo: "Eu tinha certeza que tu vinha".
Saí de lá, com a certeza de que tinha que ajudá-lo. Prestei a primeira assistência quando ele chegou no Central, e em três ou quatro dias, já tinha confeccionado a carteirinha de acesso às galerias. Nunca faltei uma visita, sempre fui todas as terças-feiras e todos os sábados. Nunca deixei de levar a sacola com os itens básicos, nunca o abandonei. Engravidei em junho de 2011 e hoje, tenho um bebê lindo e abençoado, diga-se de passagem, que é fruto do Central; hoje, meu esposo é integrante do Projeto Direito no Cárcere, está limpo das drogas há um ano e dois meses. Querem saber o que eu penso sobre isso, o que eu acho de tudo isso? Vai passar, é uma fase, é mais uma evolução na minha vida. Como diria Marisa Monte, "Bem que se quis, depois de tudo ainda ser feliz"...
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Um pouco do que se passa...
...Com os familiares de usuários de drogas. - Primeira parte
Não sei onde vou parar com esse texto, mas, sei bem - muito bem! -, onde quero chegar.
Primeiramente, não quero que me engulam, não quero que me aceitem, muito menos que concordem. Quero apenas voz, para expor o outro lado da história. O outro lado da bomba, que cada vez mais, parece que vai explodir a qualquer instante.
Sou estudante de Serviço Social (no momento, tranquei o curso, porque sou mamãe!), e esposa de um apenado, que cumpre pena por tráfico de drogas no PCPA - Presídio Central de Porto Alegre, desde Dezembro de 2010. "Tráfico de drogas", que horror, crime hediondo, corrompe a sociedade. Pois é, triste realidade de muitas famílias. Mais triste ainda, ver meu esposo sendo preso, sem ter ganho um centavo sequer, deste crime que ele supostamente estava comentendo contra a sociedade, e não estou reclamando, pois nem almejo esse tipo de renda. O tal crime que ele cometera, na verdade, foi contra ele mesmo. Sim. Era contra ele o pior crime. Gerente de uma grande empresa, conhecido por todos na cidade onde morávamos, patrimônio razoável (casa na praia, casa na cidade, dois carros, moto, lancha e um dinheirinho no banco), residência fixa, família de boa índole, todos trabalhadores, inclusive nós dois.
Perdi um filho há dois anos atrás e, fui informada que ele sofrerá uma má formação genética em decorrência do uso abusivo de drogas, de minha parte ou do pai. Não me restara dúvidas. Eu, nunca sequer, fumei cigarro. Nem cerveja encosto na boca. Resposta simples, o pai. Então, em meio a todo o sofrimento de ter que enterrar um filho, descobri que meu esposo era usuário de drogas. Até então, cocaína; Segundo ele, há muitos anos. E logo após o turbilhão de notícias ruins (falecimento de nosso filho e, dois meses depois, falecimento de meu sogro), ele se atirou nas drogas, literalmente. Porém, passou a fazer uso do crack e com isso, fui vendo a minha família, ou o que eu pensava que seria uma família, se destruir aos poucos.
No início, uns jovens ofereciam as drogas no meu portão, comecei a me irritar, ficava braba, batia boca e fui cansando. Logo mais, já tinha alguns "amigos" que iam fumar com ele na garagem da minha residência. É horrível, sinceramente, alguém tinha que filmar aquelas cenas. Chegavam a passar a noite toda fumando aquela coisa nojenta que quando queimada, fedia a cola e cigarro e, tudo que há de ruim. A fumaça, densa, fazia com que eu não conseguisse mais definir quem era quem, pelas frestas da janela. Nunca me meti na história, nunca cheguei perto daquelas drogas, nunca entreguei dinheiro e peguei uma "peteca" e, nos momentos de lucidez dele, sempre me alertou, pedindo que eu não entrasse na mesma barca furada que ele.
Depois de um tempo, a gente aceita. Na verdade, não é que aceita, a gente se conforma. Tenta internar e, certos momentos ele quer, em dois segundos, sai sem rumo e volta dois dias depois, sem remorso, sem banho, sem escovar os dentes, pentear os cabelos; Enfim, chega em casa procurando uma cama, um prato de comida, qualquer coisa serve. Várias vezes, não sei de onde tirei forças mas, aos prantos, tirei as roupas dele, coloquei no chuveiro ou, simplesmente, tranquei a porta do quarto com ele dentro e fui trabalhar. Já cheguei a deixá-lo dormindo uma semana trancado em casa. Cada vez que acordava e pedia água, prontamente, a esposa solícita levava um suquinho com calmantes dentro. Me sentia num filme, numa novela, só que o roteirista, estava sendo cruel comigo.
No meio disso, tive aqueles ataques de fúria, ir pra casa dos familiares, quebrar objetos, vidros de carros, faltar ao trabalho para buscá-lo na boca de fumo. Uma noite, comprei uma arma. Não me pergunte como, mas eu comprei. Trabalhava num shopping e saí do trabalho as 22hrs, antes de pegar o ônibus que fazia a 'viagem pro inferno', corri até uma vila próxima (em Porto Alegre mesmo) e, perguntei pro primeiro menino que eu vi, se alguém tinha "um cano" pra me vender.
Fiquei orgulhosa de mim mesma. Idiotamente orgulhosa, porque sempre achei aquilo um horror, nunca compactuei com o crime. Mas, naquele momento específico eu me senti grande. Não tive medo de colocar o revólver na bolsa, não tive medo de ver se estava carregado, não tive medo de chegar em casa e atirar se alguém se atravessasse em meu caminho. Estava focada a dar um basta naquela situação. "Chega de gente no meu portão, chega de dinheiro no lixo, chega de humilhação. Já que eu não tenho coragem de pedir ajuda para alguém, minha família ou sei lá pra quem, vou resolver sozinha." - pensava eu, o caminho todo, dentro do ônibus.
Logo que cheguei, já pude estrear o meu brinquedo. Minha casa estava tomada de usuários, com seus cachimbos, suas latas, seus isqueiros e todos os apetrechos que usam pra queimar as pedras preciosas. Não tinha um copo limpo para que eu pudesse tomar uma água com açúcar e me acalmar. Como na linguagem dos presos, "cheguei as ganha" e botei todos pra correr. Naquele dia, eu vi que a situação fugiu de controle, se é que algum dia eu tive controle de alguma coisa. Meu esposo nem se mexeu, foi indiferente, parecia estar num coma consciente/inconsciente, não sei bem explicar.
Muito triste isso, fui pro chuveiro e deixei todas aquelas "lágrimas" de água escorrerem em mim, lavando minha alma e pedindo forças sei lá de onde. Não tinha nojo de mim, pois nem relações sexuais mantínhamos e, quando ele estava sóbrio (raros momentos), a única vontade que eu tinha era de abraçar ele e lembrar como era bom ter meu esposo, amigo, companheiro de volta.
Na manhã seguinte, levantei para trabalhar e, cadê meu "brinquedinho"? Pensei que ele havia escondido, mas não; ele havia "fumado", cheirado, trocado por pedrinhas. Me indignei, queria de volta. Minha vontade, era de matar qualquer pessoa que estivesse envolvida nesse comércio porco, desde o garoto que faz o "corre", até o figurão que recebe propina, advinda do comércio e produção de drogas. Foi naquele dia, dentro do ônibus, indo para o trabalho, que pensei em abandoná-lo pela primeira vez.
Continua...
Não sei onde vou parar com esse texto, mas, sei bem - muito bem! -, onde quero chegar.
Primeiramente, não quero que me engulam, não quero que me aceitem, muito menos que concordem. Quero apenas voz, para expor o outro lado da história. O outro lado da bomba, que cada vez mais, parece que vai explodir a qualquer instante.
Sou estudante de Serviço Social (no momento, tranquei o curso, porque sou mamãe!), e esposa de um apenado, que cumpre pena por tráfico de drogas no PCPA - Presídio Central de Porto Alegre, desde Dezembro de 2010. "Tráfico de drogas", que horror, crime hediondo, corrompe a sociedade. Pois é, triste realidade de muitas famílias. Mais triste ainda, ver meu esposo sendo preso, sem ter ganho um centavo sequer, deste crime que ele supostamente estava comentendo contra a sociedade, e não estou reclamando, pois nem almejo esse tipo de renda. O tal crime que ele cometera, na verdade, foi contra ele mesmo. Sim. Era contra ele o pior crime. Gerente de uma grande empresa, conhecido por todos na cidade onde morávamos, patrimônio razoável (casa na praia, casa na cidade, dois carros, moto, lancha e um dinheirinho no banco), residência fixa, família de boa índole, todos trabalhadores, inclusive nós dois.
Perdi um filho há dois anos atrás e, fui informada que ele sofrerá uma má formação genética em decorrência do uso abusivo de drogas, de minha parte ou do pai. Não me restara dúvidas. Eu, nunca sequer, fumei cigarro. Nem cerveja encosto na boca. Resposta simples, o pai. Então, em meio a todo o sofrimento de ter que enterrar um filho, descobri que meu esposo era usuário de drogas. Até então, cocaína; Segundo ele, há muitos anos. E logo após o turbilhão de notícias ruins (falecimento de nosso filho e, dois meses depois, falecimento de meu sogro), ele se atirou nas drogas, literalmente. Porém, passou a fazer uso do crack e com isso, fui vendo a minha família, ou o que eu pensava que seria uma família, se destruir aos poucos.
No início, uns jovens ofereciam as drogas no meu portão, comecei a me irritar, ficava braba, batia boca e fui cansando. Logo mais, já tinha alguns "amigos" que iam fumar com ele na garagem da minha residência. É horrível, sinceramente, alguém tinha que filmar aquelas cenas. Chegavam a passar a noite toda fumando aquela coisa nojenta que quando queimada, fedia a cola e cigarro e, tudo que há de ruim. A fumaça, densa, fazia com que eu não conseguisse mais definir quem era quem, pelas frestas da janela. Nunca me meti na história, nunca cheguei perto daquelas drogas, nunca entreguei dinheiro e peguei uma "peteca" e, nos momentos de lucidez dele, sempre me alertou, pedindo que eu não entrasse na mesma barca furada que ele.
Depois de um tempo, a gente aceita. Na verdade, não é que aceita, a gente se conforma. Tenta internar e, certos momentos ele quer, em dois segundos, sai sem rumo e volta dois dias depois, sem remorso, sem banho, sem escovar os dentes, pentear os cabelos; Enfim, chega em casa procurando uma cama, um prato de comida, qualquer coisa serve. Várias vezes, não sei de onde tirei forças mas, aos prantos, tirei as roupas dele, coloquei no chuveiro ou, simplesmente, tranquei a porta do quarto com ele dentro e fui trabalhar. Já cheguei a deixá-lo dormindo uma semana trancado em casa. Cada vez que acordava e pedia água, prontamente, a esposa solícita levava um suquinho com calmantes dentro. Me sentia num filme, numa novela, só que o roteirista, estava sendo cruel comigo.
No meio disso, tive aqueles ataques de fúria, ir pra casa dos familiares, quebrar objetos, vidros de carros, faltar ao trabalho para buscá-lo na boca de fumo. Uma noite, comprei uma arma. Não me pergunte como, mas eu comprei. Trabalhava num shopping e saí do trabalho as 22hrs, antes de pegar o ônibus que fazia a 'viagem pro inferno', corri até uma vila próxima (em Porto Alegre mesmo) e, perguntei pro primeiro menino que eu vi, se alguém tinha "um cano" pra me vender.
Fiquei orgulhosa de mim mesma. Idiotamente orgulhosa, porque sempre achei aquilo um horror, nunca compactuei com o crime. Mas, naquele momento específico eu me senti grande. Não tive medo de colocar o revólver na bolsa, não tive medo de ver se estava carregado, não tive medo de chegar em casa e atirar se alguém se atravessasse em meu caminho. Estava focada a dar um basta naquela situação. "Chega de gente no meu portão, chega de dinheiro no lixo, chega de humilhação. Já que eu não tenho coragem de pedir ajuda para alguém, minha família ou sei lá pra quem, vou resolver sozinha." - pensava eu, o caminho todo, dentro do ônibus.
Logo que cheguei, já pude estrear o meu brinquedo. Minha casa estava tomada de usuários, com seus cachimbos, suas latas, seus isqueiros e todos os apetrechos que usam pra queimar as pedras preciosas. Não tinha um copo limpo para que eu pudesse tomar uma água com açúcar e me acalmar. Como na linguagem dos presos, "cheguei as ganha" e botei todos pra correr. Naquele dia, eu vi que a situação fugiu de controle, se é que algum dia eu tive controle de alguma coisa. Meu esposo nem se mexeu, foi indiferente, parecia estar num coma consciente/inconsciente, não sei bem explicar.
Muito triste isso, fui pro chuveiro e deixei todas aquelas "lágrimas" de água escorrerem em mim, lavando minha alma e pedindo forças sei lá de onde. Não tinha nojo de mim, pois nem relações sexuais mantínhamos e, quando ele estava sóbrio (raros momentos), a única vontade que eu tinha era de abraçar ele e lembrar como era bom ter meu esposo, amigo, companheiro de volta.
Na manhã seguinte, levantei para trabalhar e, cadê meu "brinquedinho"? Pensei que ele havia escondido, mas não; ele havia "fumado", cheirado, trocado por pedrinhas. Me indignei, queria de volta. Minha vontade, era de matar qualquer pessoa que estivesse envolvida nesse comércio porco, desde o garoto que faz o "corre", até o figurão que recebe propina, advinda do comércio e produção de drogas. Foi naquele dia, dentro do ônibus, indo para o trabalho, que pensei em abandoná-lo pela primeira vez.
Continua...
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Minha indignação...
Compartilho hoje, com vocês, minha indignação perante dois fatos ocorridos esta semana; um eu presenciei, outro, ocorreu comigo.
1º Fato - INDIGNANTE!
Sábado passado, fui visitar meu esposo no Presídio. Cheguei lá, quase 15hrs, quando já não dá mais para entrar. Mas, moro longe e tem que ter alguém para ficar com meu bebê, já que a visita de criança é somente uma vez por mês e, não era neste sábado. Esse horário, tem poucas pessoas para entrar, então, a fila é mínima; porém, podemos ficar apenas uma hora e meia com nosso familiar/esposo/filho, já que o horário de visitas encerra-se as 16hrs. Mas, hoje não escrevo para reclamar de demora, nem nada do gênero. Foi uma cena que eu vi, no saguão, antes de entrar para a sala de revista corporal.
Havia um preso, limpando os banheiros e arredores. Não. Também não é por este motivo que escrevo com indignação, até porque, sou a favor de trabalho para os apenados, além da remissão da pena, o trabalho dignifica o ser. Fiquei chocada com o modo como ele estava trabalhando, sem luvas, metendo as mãos num pano sujo, pode-se adjetivar o pano de: imundo; como preferirem.
- "Coitado!" - exclamou uma senhora, comentando sobre a insalubridade do local e que o rapaz estava sem luvas. A soldado da Brigada Militar que vigiava o rapaz, empunhando seu PR (popularmente conhecido por, cacetete), disse: - "São as visitas que sujam as coisas; chegam a passar a mão com fezes, nas paredes dos banheiros, porque pensam que somos nós (as brigadianas), que limpamos. Mas, quem 'paga o pato', são os presos."
Pra mim chega. O rapaz sem luvas, a podridão dos banheiros que, em dia de visita, não abrem a porta, tal é o mau odor que lá se encontra. Nem gambá aguenta. Mais ainda, saber que as próprias visitas deixam o local de uso comum, DELAS MESMAS, daquele jeito. Falo como se não conhecesse o local, porque raramente, utilizo banheiro em locais públicos; mas, realmente: coitados dos apenados que fazem a limpeza, muito me entristece saber, que seus próprios familiares, deixam daquele estado deplorável. Por falar em 'Estado', bem que poderiam fornecer papel higiênico, né não?! Talvez assim, as "queridas" não passassem as mãos nas paredes.
Obs.: Doa a quem doer; não estou aqui somente para "defender" os familiares. Críticas também serão vistas, se assim for necessário.
2º fato - INSIGNIFICANTE!
Todos sabem que utilizo do Facebook Maria Esperança e, deste Blog, para compreender mais a respeito do Direito e seus vocábulos, seus macetes; enfim, busco informações e contatos que possam me auxiliar nesta batalha, que é tirar meu esposo do Presídio Central. Dia desses, adicionei um rapaz que, em seu perfil, constava a informação de que ele trabalha no TJRS e teríamos cerca de, vinte contatos em comum.. Fiquei interessada, visto que, o processo de meu esposo, encontra-se no TJ, com o Desembargador Marco Aurélio de Oliveira Canosa e, o mesmo, está há mais de um mês com o processo parado, só para redigir o acórdão, (fico me perguntando, o que há de tão complicado em redigir um acórdão...).
Cá com meus botões, pensei que este rapaz, cuja as iniciais de seu nome são F.V.H., poderia auxiliar-me com algumas questões que tenho; para que eu não precisasse incomodar tanto o Juiz Sidinei Brzuska, que incansavelmente, sempre retorna minhas solicitações. Em minha cabeça, uma pessoa que trabalha no poder judiciário, deveria promover o direito, ser solícito ao atender as pessoas; mesmo que ele não o fizesse fora do horário de trabalho, que fosse educado o bastante para dizer-me que, não dá "assessoria" nem dentro, nem fora do TJ, muito menos em redes sociais. Seria melhor a verdade, nua e crua, do que ele ter me excluído sem nem falar nada. O que fazer em uma rede social, se não, ser sociável?!
Fui educada, perguntei se poderíamos falar uns instantes e - juro!, fui breve. Será que ele sentiu vergonha por não saber responder as minhas questões? Jamais saberei, afinal, desse tipo de gentinha, quero distância. Prefiro educação, cordialidade.
Aproveito o momento, para deixar registrado o meu agradecimento, aos estimados: Sidinei Brzuska, Cynthia Jappur, Carmela Grüne, Rodrigo Puggina, dentre outros - não menos importantes; o respeito e a atenção com que me tratam, é imensurável.
1º Fato - INDIGNANTE!
Sábado passado, fui visitar meu esposo no Presídio. Cheguei lá, quase 15hrs, quando já não dá mais para entrar. Mas, moro longe e tem que ter alguém para ficar com meu bebê, já que a visita de criança é somente uma vez por mês e, não era neste sábado. Esse horário, tem poucas pessoas para entrar, então, a fila é mínima; porém, podemos ficar apenas uma hora e meia com nosso familiar/esposo/filho, já que o horário de visitas encerra-se as 16hrs. Mas, hoje não escrevo para reclamar de demora, nem nada do gênero. Foi uma cena que eu vi, no saguão, antes de entrar para a sala de revista corporal.
Havia um preso, limpando os banheiros e arredores. Não. Também não é por este motivo que escrevo com indignação, até porque, sou a favor de trabalho para os apenados, além da remissão da pena, o trabalho dignifica o ser. Fiquei chocada com o modo como ele estava trabalhando, sem luvas, metendo as mãos num pano sujo, pode-se adjetivar o pano de: imundo; como preferirem.
- "Coitado!" - exclamou uma senhora, comentando sobre a insalubridade do local e que o rapaz estava sem luvas. A soldado da Brigada Militar que vigiava o rapaz, empunhando seu PR (popularmente conhecido por, cacetete), disse: - "São as visitas que sujam as coisas; chegam a passar a mão com fezes, nas paredes dos banheiros, porque pensam que somos nós (as brigadianas), que limpamos. Mas, quem 'paga o pato', são os presos."
Pra mim chega. O rapaz sem luvas, a podridão dos banheiros que, em dia de visita, não abrem a porta, tal é o mau odor que lá se encontra. Nem gambá aguenta. Mais ainda, saber que as próprias visitas deixam o local de uso comum, DELAS MESMAS, daquele jeito. Falo como se não conhecesse o local, porque raramente, utilizo banheiro em locais públicos; mas, realmente: coitados dos apenados que fazem a limpeza, muito me entristece saber, que seus próprios familiares, deixam daquele estado deplorável. Por falar em 'Estado', bem que poderiam fornecer papel higiênico, né não?! Talvez assim, as "queridas" não passassem as mãos nas paredes.
Obs.: Doa a quem doer; não estou aqui somente para "defender" os familiares. Críticas também serão vistas, se assim for necessário.
2º fato - INSIGNIFICANTE!
Todos sabem que utilizo do Facebook Maria Esperança e, deste Blog, para compreender mais a respeito do Direito e seus vocábulos, seus macetes; enfim, busco informações e contatos que possam me auxiliar nesta batalha, que é tirar meu esposo do Presídio Central. Dia desses, adicionei um rapaz que, em seu perfil, constava a informação de que ele trabalha no TJRS e teríamos cerca de, vinte contatos em comum.. Fiquei interessada, visto que, o processo de meu esposo, encontra-se no TJ, com o Desembargador Marco Aurélio de Oliveira Canosa e, o mesmo, está há mais de um mês com o processo parado, só para redigir o acórdão, (fico me perguntando, o que há de tão complicado em redigir um acórdão...).
Cá com meus botões, pensei que este rapaz, cuja as iniciais de seu nome são F.V.H., poderia auxiliar-me com algumas questões que tenho; para que eu não precisasse incomodar tanto o Juiz Sidinei Brzuska, que incansavelmente, sempre retorna minhas solicitações. Em minha cabeça, uma pessoa que trabalha no poder judiciário, deveria promover o direito, ser solícito ao atender as pessoas; mesmo que ele não o fizesse fora do horário de trabalho, que fosse educado o bastante para dizer-me que, não dá "assessoria" nem dentro, nem fora do TJ, muito menos em redes sociais. Seria melhor a verdade, nua e crua, do que ele ter me excluído sem nem falar nada. O que fazer em uma rede social, se não, ser sociável?!
Fui educada, perguntei se poderíamos falar uns instantes e - juro!, fui breve. Será que ele sentiu vergonha por não saber responder as minhas questões? Jamais saberei, afinal, desse tipo de gentinha, quero distância. Prefiro educação, cordialidade.
Aproveito o momento, para deixar registrado o meu agradecimento, aos estimados: Sidinei Brzuska, Cynthia Jappur, Carmela Grüne, Rodrigo Puggina, dentre outros - não menos importantes; o respeito e a atenção com que me tratam, é imensurável.
domingo, 5 de agosto de 2012
Cada um tem...
... o que merece, o que escolhe, o que procura.
Foram estes, alguns dos comentários da foto abaixo, postada no Facebook do Juíz da VEC de Porto Alegre, Sidinei Brzuska.
Temos a pretensão de querermos que estes cidadãos sejam "melhores"? Afinal, o que esperar da própria vida? Somos medíocres, hipócritas quando choramos por miséria na África e Ásia, fazemos campanha para melhores condições, enquanto homens que erraram (sim!) e estão pagando por seus erros, são trancafiados em condições subhumanas. Quem condena também é responsável por isso. Muitos dos que estão amontoados em presídios deveriam apenas fazer tratamento toxicológico, mas nossa saúde também está detonada. Deveriam construir escolas de qualidade e não presídios. Não podemos ressocializar quem nunca foi sociável ou reeducar quem nunca teve educação. Devemos começar pela qualidade de vida brasileira, saúde e educação que certamente desafogaremos o sistema carcerário.
Mas, o judiciário não decide quem vai pra cadeia e pronto, ele julga baseado em leis; a nossa legislação é do tempo que se amarrava cachorro com linguiça! Lógico que seria maravilhoso se profissionais como os Assistentes Sociais, podessem dar os pareceres, encaminhando dependentes químicos para tratamento eficiente; mas, o que o SUS nos oferece é internação compulsória por 10 dias, e só. Então eles voltam a cometer delitos e acabam indo presos. Um ciclo vicioso.
Apesar de todo esse discurso, que não somente eu, mas vários cidadãos, defendem (à sua maneira, é claro!), os governantes tapam os ouvidos com buchinhas de algodão e continuam preocupando-se com Copa do Mundo, Olímpiadas e afins, fazendo disso tudo, um teatrinho de votos. Para a Copa, hotéis, aeroportos e estádios. Para os brasileiros, a privação da dignidade mínima. A questão é: o que é realmente urgente, fica guardado nas gavetas, alimentando traças. Isso é fato.
E, mesmo depois de tudo, ainda tenho esperança (porque será que me auto-entitulei, Maria Eperança, hein?!)... risos... Esperança esta, alimentada por pessoas que buscam o mesmo que eu. DIGNIDADE para todos.
Depois dos comentários infelizes, de pessoas que pensam como a maioria esmagadora; pensam errôneamente, quando movem seus dedinhos macios e ágeis, para digitar barbáries do tipo: "cada um tem o que merece". Eis que, em meio ao caos de opiniões, surgem duas, belas opiniões. E, mais belas são as autoras; não poderia esperar nada melhor.
"Se você não tivesse dentes na boca, se você morasse num lugar sem a mínima condicao de dignidade, se quando você passasse na rua ninguém parasse para te ouvir e o pior de tudo, fosse abandonado pela sua família desde pequeno, suas palavras seriam fáceis de ser postas em prática. A questão é que existe uma quantidade expressiva da população brasileira, invisível; e somos responsáveis por cultivar o sentimento de indiferenca. É mais fácil dizer "isso é problema dele". A individualidade e a falta de compromisso com o resto de quem é entregue ao ócio, por falta de dignidade, saúde e trabalho, é imensa. Nós não devemos desejar a ninguém isso, porque é desumano. Preste atenção nessas pessoas, porque Deus está nos lugares onde estamos mais ausentes. Lembre-se: todos são chamados, poucos os escolhidos." Carmela Grune
Discorda dos argumentos da Carmela? Ótimo, apresente-me os seus! Se concordas, baterás palmas ainda, para Jaqueline Ferreira, que diz:
"Se quiser eu digo: vemos seres humanos com seus corpos presos; por que nós, os que acreditamos erradamente que somos ''certinhos'', ODIAMOS um ao outro, e sempre que podemos matamos, prendemos, raptamos, roubamos as crianças de seus lares, excluímos quem não tem dinheiro, odiamos a todos. Na verdade, inclusive a quem é bonito, sobretudo se for bonito e rico... vixi, haja ódio. Mas, negros, pobres e desprezados pelo social, o que um sistema horrível, perverso e capitalista faz é isso : humilha, tira a dignidade do sujeito... E eu aprendo muito aqui (referindo-se ao Facebook), onde leio: ''que lindo'', ''ele dorme em paz'' ou pior, ''cada um tem o que merece'' ou, ''o que é isso, que horror''; como se nós não soubéssemos que na nossa esquina, de cada Cidade, tem uma delegacia cheia de presos, leia-se, excluídos da sociedade, lixo que o que se considera não-lixo, prende e castra!"
É mole, ou quer mais?! Quer mais argumentos pra dizer que cada um tem o que escolhe, o que merece, ou o que procura?! Eu dou.
Fotos: Sidinei Brzuska
Alguém pode me dizer, se este ser, MERECIA estar assim? Se este homem, ESCOLHEU estar assim? Se este ser humano, PROCUROU estar assim?! É muita cara de pau, é muita falta de compaixão, é muito ódio e rancor depositados em um só coração.
Foram estes, alguns dos comentários da foto abaixo, postada no Facebook do Juíz da VEC de Porto Alegre, Sidinei Brzuska.
Temos a pretensão de querermos que estes cidadãos sejam "melhores"? Afinal, o que esperar da própria vida? Somos medíocres, hipócritas quando choramos por miséria na África e Ásia, fazemos campanha para melhores condições, enquanto homens que erraram (sim!) e estão pagando por seus erros, são trancafiados em condições subhumanas. Quem condena também é responsável por isso. Muitos dos que estão amontoados em presídios deveriam apenas fazer tratamento toxicológico, mas nossa saúde também está detonada. Deveriam construir escolas de qualidade e não presídios. Não podemos ressocializar quem nunca foi sociável ou reeducar quem nunca teve educação. Devemos começar pela qualidade de vida brasileira, saúde e educação que certamente desafogaremos o sistema carcerário.
Mas, o judiciário não decide quem vai pra cadeia e pronto, ele julga baseado em leis; a nossa legislação é do tempo que se amarrava cachorro com linguiça! Lógico que seria maravilhoso se profissionais como os Assistentes Sociais, podessem dar os pareceres, encaminhando dependentes químicos para tratamento eficiente; mas, o que o SUS nos oferece é internação compulsória por 10 dias, e só. Então eles voltam a cometer delitos e acabam indo presos. Um ciclo vicioso.
Apesar de todo esse discurso, que não somente eu, mas vários cidadãos, defendem (à sua maneira, é claro!), os governantes tapam os ouvidos com buchinhas de algodão e continuam preocupando-se com Copa do Mundo, Olímpiadas e afins, fazendo disso tudo, um teatrinho de votos. Para a Copa, hotéis, aeroportos e estádios. Para os brasileiros, a privação da dignidade mínima. A questão é: o que é realmente urgente, fica guardado nas gavetas, alimentando traças. Isso é fato.
E, mesmo depois de tudo, ainda tenho esperança (porque será que me auto-entitulei, Maria Eperança, hein?!)... risos... Esperança esta, alimentada por pessoas que buscam o mesmo que eu. DIGNIDADE para todos.
Depois dos comentários infelizes, de pessoas que pensam como a maioria esmagadora; pensam errôneamente, quando movem seus dedinhos macios e ágeis, para digitar barbáries do tipo: "cada um tem o que merece". Eis que, em meio ao caos de opiniões, surgem duas, belas opiniões. E, mais belas são as autoras; não poderia esperar nada melhor.
"Se você não tivesse dentes na boca, se você morasse num lugar sem a mínima condicao de dignidade, se quando você passasse na rua ninguém parasse para te ouvir e o pior de tudo, fosse abandonado pela sua família desde pequeno, suas palavras seriam fáceis de ser postas em prática. A questão é que existe uma quantidade expressiva da população brasileira, invisível; e somos responsáveis por cultivar o sentimento de indiferenca. É mais fácil dizer "isso é problema dele". A individualidade e a falta de compromisso com o resto de quem é entregue ao ócio, por falta de dignidade, saúde e trabalho, é imensa. Nós não devemos desejar a ninguém isso, porque é desumano. Preste atenção nessas pessoas, porque Deus está nos lugares onde estamos mais ausentes. Lembre-se: todos são chamados, poucos os escolhidos." Carmela Grune
Discorda dos argumentos da Carmela? Ótimo, apresente-me os seus! Se concordas, baterás palmas ainda, para Jaqueline Ferreira, que diz:
"Se quiser eu digo: vemos seres humanos com seus corpos presos; por que nós, os que acreditamos erradamente que somos ''certinhos'', ODIAMOS um ao outro, e sempre que podemos matamos, prendemos, raptamos, roubamos as crianças de seus lares, excluímos quem não tem dinheiro, odiamos a todos. Na verdade, inclusive a quem é bonito, sobretudo se for bonito e rico... vixi, haja ódio. Mas, negros, pobres e desprezados pelo social, o que um sistema horrível, perverso e capitalista faz é isso : humilha, tira a dignidade do sujeito... E eu aprendo muito aqui (referindo-se ao Facebook), onde leio: ''que lindo'', ''ele dorme em paz'' ou pior, ''cada um tem o que merece'' ou, ''o que é isso, que horror''; como se nós não soubéssemos que na nossa esquina, de cada Cidade, tem uma delegacia cheia de presos, leia-se, excluídos da sociedade, lixo que o que se considera não-lixo, prende e castra!"
É mole, ou quer mais?! Quer mais argumentos pra dizer que cada um tem o que escolhe, o que merece, ou o que procura?! Eu dou.
Fotos: Sidinei Brzuska
Alguém pode me dizer, se este ser, MERECIA estar assim? Se este homem, ESCOLHEU estar assim? Se este ser humano, PROCUROU estar assim?! É muita cara de pau, é muita falta de compaixão, é muito ódio e rancor depositados em um só coração.
UTOPIA
Como eu queria morar num condomínio desses, que parece um pombalzinho; todos os vizinhos se conhecem e tudo é perfeito. Tem toldinhos nas janelas e as roupas são estendidas nos varais sanfonados. Há garagens e os carros populares ocupam as mesmas. Tudo é calmo, todos se dão bem.
Como eu queria morar num condomínio desses, que só tem povão mesmo, que não há 'não me toques', que não há do que reclamar. O sol bate nas janelas, pega um ventinho no fim da tarde e à noite, o cheirinho vindo das panelas da vizinhança, tortura os solteiros que fazem apenas um lanchinho.
Como eu queria morar num condomínio desses, onde as crianças brincam no playground nos finais de semana, as mulheres sentam no pátio para colocar a fofoca em dia e, sempre sai um churrasquinho na casa de alguém; sem esquecer da caipirinha bem geladinha.
Como eu queria morar num condomínio desses, onde podemos ter bichinhos e eles são bem tratados; um condomínio, onde prevalece a segurança, o respeito. Um desses condomínios, onde temos porteiros e eles nos dão bom dia, boa tarde e boa noite, felizes, sorridentes. Condomínio esse, que a vida é livre, que há um respeito mútuo, que o vizinho, é vizinho "de porta" e não "de cela".
Fotos: Sidinei Brzuska
Como eu queria morar num desses condomínios, sabe... Onde eu pudesse viver com meu esposo e meu filho. Qualquer condomínio, que pudéssemos ficar juntos.
Como eu queria morar num condomínio desses, que só tem povão mesmo, que não há 'não me toques', que não há do que reclamar. O sol bate nas janelas, pega um ventinho no fim da tarde e à noite, o cheirinho vindo das panelas da vizinhança, tortura os solteiros que fazem apenas um lanchinho.
Como eu queria morar num condomínio desses, onde as crianças brincam no playground nos finais de semana, as mulheres sentam no pátio para colocar a fofoca em dia e, sempre sai um churrasquinho na casa de alguém; sem esquecer da caipirinha bem geladinha.
Como eu queria morar num condomínio desses, onde podemos ter bichinhos e eles são bem tratados; um condomínio, onde prevalece a segurança, o respeito. Um desses condomínios, onde temos porteiros e eles nos dão bom dia, boa tarde e boa noite, felizes, sorridentes. Condomínio esse, que a vida é livre, que há um respeito mútuo, que o vizinho, é vizinho "de porta" e não "de cela".
Fotos: Sidinei Brzuska
Como eu queria morar num desses condomínios, sabe... Onde eu pudesse viver com meu esposo e meu filho. Qualquer condomínio, que pudéssemos ficar juntos.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Precisamos de quê, mesmo?!
Fonte da imagem: Google
Vi essa imagem percorrendo as redes sociais e, discussões acaloradas a respeito da mesma. Em um fórum de discussão, li o seguinte comentário: "Ninguém mandou não ter uma vida digna... parem de defender os bandidos e vão lutar por uma educação melhor...bandido bom é bandido morto!..."
Vê se eu posso com isso! Alguém leu, de fato, a mensagem da foto? Porque, o ser que teceu comentários deste tipo, deve ter apenas passado os olhos nas letrinhas amarelas; acredito que a melhor explicação seja, que o Brasil é realmente o país dos analfabetos funcionais. As pessoas conseguem ler a foto e não entender uma vírgula do que está escrito.
Existe alguma frase dizendo que são coitados? Em algum momento alguém justificou os crimes? Nem sequer estão citadas as acusações. Existem várias passagens comprovando que: a população carcerária cresce mais do que a população total; o sistema prisional está falido; e, que a prisão é seletiva. Onde está a parte do coitado? Não consegui encontrar.
Infelizmente, qualquer sistema de base é seletivo. O carcerário é um deles. O que é de melhor fica para quem tem, o que existe de pior fica para quem não tem. Mas, o grande problema, é que o brasileiro em geral, quer vingança e a confunde com justiça. O sistema penal deveria ser capaz de regenerar os condenados e não torná-los ainda piores!
Mas, não! Preferimos nos tornar 'bandidos' também, julgando as pessoas e jogando-as em depósitos. Lixões humanos, que não se comparam nem a um aterro sanitário, que é organizado e até o lixo tem suas funções. Somos o que pensamos. Somos idiotas, estúpidos e hipócritas. Pensamos que do jeito que está, tá tudo certo, tudo belezinha. E isso é tão trágico, chega a ser tragicômico. A matriz conservadora do ideário punitivista-prisional, conta com o aplauso efusivo de uma classe média acrítica que se manifesta publicamente através de slogans como o nefasto "bandido bom é bandido morto". São os que pensam assim que mais esperneiam como crianças mimadas contra "os políticos". Ignoram que, sem repertório para argumentar para além de slogans, têm o pensamento manipulado e canalizado por interesses hegemônicos cujo projeto, enfim, é o de deixar tudo exatamente do jeitinho que está.
Classe média esta, formada por bestas, que pensam estar acertando em suas escolhas. Votando nos que espancam e matam os pobres, nos que proíbem as expressões populares, nos que proíbem um ato de caridade, um simples ato de doar um prato de comida.
Se eu for presa por defender meu povo, meus direitos, que assim seja. Prefiro ser bandida, do que ser mais uma alienada, que bate palmas pra uma voz que diz o que é certo e o que é errado. Prefiro lutar pelo meu ideal de mundo imperfeito, do que fechar os olhos para os descalabros que são os presídios. Prefiro pensar que os presos são os coitados, do que acabar cometendo o crime do esquecimento.
Somos bombardeados o dia inteiro com esse discurso de pânico que pede mais cadeia, penas e violência como forma de resolver os problemas da nossa sociedade. Os números dizem o contrário. É hora de criticarmos essa informação.Precisamos de uma política de drogas urgentemente, que a sociedade se humanize, e se enxergue no outro!
Mais amor, mais solidariedade e a consciência plena de que "somos todos um", tem que brotar de nossos corações urgentemente.
Vi essa imagem percorrendo as redes sociais e, discussões acaloradas a respeito da mesma. Em um fórum de discussão, li o seguinte comentário: "Ninguém mandou não ter uma vida digna... parem de defender os bandidos e vão lutar por uma educação melhor...bandido bom é bandido morto!..."
Vê se eu posso com isso! Alguém leu, de fato, a mensagem da foto? Porque, o ser que teceu comentários deste tipo, deve ter apenas passado os olhos nas letrinhas amarelas; acredito que a melhor explicação seja, que o Brasil é realmente o país dos analfabetos funcionais. As pessoas conseguem ler a foto e não entender uma vírgula do que está escrito.
Existe alguma frase dizendo que são coitados? Em algum momento alguém justificou os crimes? Nem sequer estão citadas as acusações. Existem várias passagens comprovando que: a população carcerária cresce mais do que a população total; o sistema prisional está falido; e, que a prisão é seletiva. Onde está a parte do coitado? Não consegui encontrar.
Infelizmente, qualquer sistema de base é seletivo. O carcerário é um deles. O que é de melhor fica para quem tem, o que existe de pior fica para quem não tem. Mas, o grande problema, é que o brasileiro em geral, quer vingança e a confunde com justiça. O sistema penal deveria ser capaz de regenerar os condenados e não torná-los ainda piores!
Mas, não! Preferimos nos tornar 'bandidos' também, julgando as pessoas e jogando-as em depósitos. Lixões humanos, que não se comparam nem a um aterro sanitário, que é organizado e até o lixo tem suas funções. Somos o que pensamos. Somos idiotas, estúpidos e hipócritas. Pensamos que do jeito que está, tá tudo certo, tudo belezinha. E isso é tão trágico, chega a ser tragicômico. A matriz conservadora do ideário punitivista-prisional, conta com o aplauso efusivo de uma classe média acrítica que se manifesta publicamente através de slogans como o nefasto "bandido bom é bandido morto". São os que pensam assim que mais esperneiam como crianças mimadas contra "os políticos". Ignoram que, sem repertório para argumentar para além de slogans, têm o pensamento manipulado e canalizado por interesses hegemônicos cujo projeto, enfim, é o de deixar tudo exatamente do jeitinho que está.
Classe média esta, formada por bestas, que pensam estar acertando em suas escolhas. Votando nos que espancam e matam os pobres, nos que proíbem as expressões populares, nos que proíbem um ato de caridade, um simples ato de doar um prato de comida.
Se eu for presa por defender meu povo, meus direitos, que assim seja. Prefiro ser bandida, do que ser mais uma alienada, que bate palmas pra uma voz que diz o que é certo e o que é errado. Prefiro lutar pelo meu ideal de mundo imperfeito, do que fechar os olhos para os descalabros que são os presídios. Prefiro pensar que os presos são os coitados, do que acabar cometendo o crime do esquecimento.
Somos bombardeados o dia inteiro com esse discurso de pânico que pede mais cadeia, penas e violência como forma de resolver os problemas da nossa sociedade. Os números dizem o contrário. É hora de criticarmos essa informação.Precisamos de uma política de drogas urgentemente, que a sociedade se humanize, e se enxergue no outro!
Mais amor, mais solidariedade e a consciência plena de que "somos todos um", tem que brotar de nossos corações urgentemente.
Assinar:
Postagens (Atom)