segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pena Dividida


Quase morto de saudades,
Vegetando atrás das grades,
Me vem o arrependimento;
Dos erros que pratiquei,
Jamais na vida eu sonhei,
Com tão grande sofrimento...
Fui preso pra ser julgado,
Perante um corpo de jurados,
Recebi à condenação,
Quase cai sentado,
Quando ouvi o resultado;
Trinta anos de prisão...
Esta pena é uma trilha,
Onde sofre mãe, filha,
E a esposa tão cansada,
Que nos dias de visita,
Quando o despertador grita,
Levanta de madrugada;
Toma banho, vai para a cozinha,
Arrumar a sacolinha,
E sai na escuridão,
E muitas vezes chovendo,
Fica em um ponto sofrendo,
A espera da condução...
Chega aqui na portaria,
No amanhecer do dia,
Pega senha no portão,
Segue a fila passo a  passo,
Sentindo grande cansaço,
Entrando nesta prisão...
É grande a humilhação sua,
Tira a roupa e fica nua e,
No chão tem que baixar...
Com o coração despedaçado,
Sofre mais do que eu condenado,
Vindo aqui me visitar...
Com seu sorriso de santa,
Com as lágrimas na garganta,
Fingindo não padecer;
Mas, por dentro ela chora,
Enquanto sorri por fora,
Para não me ver sofrer...
Pois é esse o momento,
Do meu agradecimento,
Do fundo do meu coração,
Peço á DEUS lá nas alturas,
Olhai por esta criatura,
Que me acompanha na prisão.

Foto: Sidinei Brzuska - "Se Deus não ouvir o apelo acima, ela cobrirá todas as 'Marias', com seu manto. Tenho certeza, tenho fé."

Poema recebido pelo Facebook; contribuição da amiga Luciene Neves, via ONG Liberdade Para Todos os Presidiários.

 - Não posso deixar de dizer que é EXATAMENTE assim, é isso e mais um pouco, faço minhas, as palavras do autor. Gostaria de poder parabenizá-lo pessoalmente. Muito obrigada! São poucas as vezes, que conseguem falar por mim.

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