Pra quem não sabe, sou ouvinte assídua da Rádio Gaúcha. Escuto o dia inteiro, é bom para manter-me informada; participo também. Envio mensagens no Facebook, ligo, gosto porque é uma rádio bem interativa.
Hoje pela manhã, sexta-feira 11/01/2013, estava ouvindo o programa Gaúcha Hoje, com apresentação de Antônio Carlos Macedo e Daniel Scola; por volta das seis da manhã, o Macedo comentou sobre o fato de que, as entidades integrantes do
Fórum da Questão Penitenciária no Rio Grande do Sul apresentaram ontem a representação contra o Brasil na OEA (o texto de 104 páginas, denuncia as péssimas condições do Presídio Central em Porto Alegre
através de levantamento de dados, vistorias e imagens impressionantes - fonte:
www.adepergs.org.br).
Após noticiar a apresentação do documento, teceu o seguinte comentário: "Claro que a situação do Presídio Central é preocupante, mas e os hospitais? E os idosos, crianças, bebezinhos que ficam horas nas filas dos hospitais, e ninguém faz representação pra OEA? Como fica? E a situação da saúde pública? Caros Senhores, fica feio não fazerem nada a respeito..." - Não foram bem com essas palavras, porque não consegui no site da Rádio Gaúcha o aúdio do comentário dele, mas foi nesse tom e até mesmo com ar de deboche indignado, e a última frase foi aquela mesmo, lembro-me porque me chocou muito.
É fácil falar, quem passa o dia sentado na sua cadeirinha giratória, comentando a vida alheia. É fácil comentar, quando se tem um plano de saúde e é ativista de sofá, ou de microfone... É muito mais fácil falar, quando não se tem um ente querido, que encontra-se recluso na masmorra do Presídio Central.
Meu caro Macedo e todos os outros "Lasier's" da vida, em algumas palavras, resumirei o que o respeitado Juiz Mauro Caum escreveu certo dia, que foi mais ou menos assim: "Todo mundo faz o discurso fácil, de que a vítima deve ser protegida,
mas esses mesmos imbecis que falam isso não fazem nada por essas
vítimas, nem por ninguém: assinar um abaixo assinado para terem tratamento psicológico no
Posto de Saúde do bairro, que seja."
No assunto em voga, é a mesma coisa. Reclamou, mas fez o quê para mudar a situação?! Semanas atrás, liguei para a referida emissora de rádio fazendo uma denúncia da área da saúde e pouco caso fizeram. A denúncia era sobre o Hospital Dom João Becker, em Gravataí, que além de atenderem muito mal, o pediatra de plantão era o mesmo para o SUS e os convênios. Acontecia que, atendia primeiramente os convênios e a demora no SUS, chegava a 12hrs, como aconteceu comigo e com meu filhote.
Muito feio fica um radialista, como ele, NÃO DAR NOMES DOS POLÍTICOS,
QUE ELE AGRADA COM UMA VOZ AVELUDADA - COMO POUCOS - QUANDO ENTREVISTA, os
quais não cumprem as normativas legais e orçamentárias, para assegurar os itens que falou/cobrou.
Hoje, ouvi na Rádio Gaúcha, o que o senso comum quer ouvir. E, essa parte alienada da população deve ter aplaudido o Macedo. Só faltou ele completar com a velha máxima de que "bandido bom é bandido morto". Por pouco não desliguei o rádio... Confesso que foi difícil retornar ao sono, porque as palavras que queria dizer ao Macedo, ficaram entaladas em minha garganta.
O Presídio Central, também é questão de saúde pública; os presos que lá se encontram, condenados ou não, estão sujeitos a contraírem tuberculose, leptospirose e tantas outras doenças. Fora a drogadição, pois, mesmo quem não é usuário na rua, passa a ser lá dentro, já que é impossível de aguentar aquilo lá, estando sóbrio.
O Presídio Central, também é questão de VERGONHA pública. Todos deveriam indignar-se com as condições daquele lugar, nnguém está livre de uma estadia no "Condomínio do Central". Por isso, estimado Macedo, foi um comentário infeliz, mal colocado. Acho que Deus te perdoará, porque não sabes o que dizes, não tens propriedade para tecer tal comentário.